terça-feira, 1 de junho de 2010

Efeitos do Exercício no emagrecimento


Matéria publicada na revista Época em março de 2009 levanta um antigo questionamento da contribuição dos aspectos quantitativos sobre o gasto energético do ser humano em contraste com o consumo energético via alimentação durante o processo de emagrecimento em indivíduos obesos. Tal matéria comenta que a perda de “massa” ocorre quando o corpo ingere menos energia do que gasta, e evidencia que o gasto energético proporcionado pelo exercício físico pode chegar a 25% de um gasto energético diário de uma pessoa fisicamente ativa; porém exercícios que promovam altos gastos calóricos seriam menos indicados a esta população devido à falta de preparo e uma possível associação a co-morbidades interligadas. Entretanto, “reduzir o tamanho do prato” seria um contribuinte muito importante para alcançar os objetivos da manutenção do peso corporal.

Ultimamente as pesquisas vêm apontando a grande importância das alterações metabólicas promovidas pelos aspectos qualitativos da terapia nutricional e dos exercícios físicos, e que muitas vezes contradizem a teoria sobre a importância quantitativa baseados apenas em consumo e gasto energético. O exercício deixou de ser apenas um “gastador de calorias” e passou a ser um importante contribuinte nas alterações fisiológicas funcionais do organismo, no aspecto aeróbico (melhorando a utilização do oxigênio inspirado, promovendo alterações significativas no perfil lipídico e glicêmico, melhorando o trânsito intestinal, e modulando a pressão arterial), e no caráter anaeróbico (mesmo sendo exercícios como esteira, bicicletas, etc, e os de força propriamente ditos), onde promovem manutenção e aumento da massa magra corporal (fator este que interfere indiretamente no gasto energético), melhoram a captação de glicose independente da insulina, previnem lesões, melhoram a saúde óssea, promovem melhorias das atividades diárias funcionais do sistema locomotor e exercem um fator importante no aspecto psicológico, promovendo melhoria da auto estima e resistência a dor.

Do ponto de vista nutricional, a prevalência do aspecto qualitativo é ainda maior, pois a ingestão de alimentos que contenham características funcionais e que exerçam papéis importantes na reversão do quadro clínico característico do obeso, independente de seu valor calórico, é comumente incentivada. Recentes pesquisas revelaram o caráter anti-inflamatório de certos tipos de óleos, castanhas, sementes e frutas ricas em gorduras e polifenóis, que são capazes de prevenir e combater a inflamação causada pela citocinas inflamatórias produzidas pelo próprio tecido adiposo em excesso. Já os alimentos ricos em antioxidantes, encontrados em frutas e sucos, são importantes para promover o equilíbrio do estresse oxidativo causado pelas co-morbidades associadas à obesidade, além de outros benefícios como a melhoria do trânsito intestinal, diminuição da absorção de gorduras e do colesterol sérico, melhora da microbiota intestinal, diminuição do índice glicêmico e oferta de micronutrientes formadores de enzimas. Tais efeitos também são promovidos pelos cereais e grãos integrais, que por sua vez podem até possuir maior valor calórico que seus similares nas versões refinada, diet e light que por outro lado são possíveis causadores de obesidades e inflamações.

Conclui-se então que o monitoramento do balanço energético não deve ser deixado de lado, e sim realizado com base em alimentos que possam conter calorias, porém que sejam acompanhadas de compostos funcionais voltados a individualidade bioquímica de cada paciente e associados às alterações metabólicas funcionais promovidas pelo exercício físico, e não apenas baseado em calorias ditas “vazias” contrabalanceadas com os gastos energéticos dos exercícios.